sábado, 16 de julho de 2011

Homenagem ao meu grande amigo!

            Fidel...



Esse blog vai perder um pouco do humor, um pouco da graça, a minha vontade para escrever não deve ser a mesma, mas ele vai me ajudar para passar o tempo em que eu estiver no hostel, sem o que fazer... Mas não é nada fácil... Isso não vai para ninguém, mas como estou longe, precisava, de alguma forma, “liberar” isso de mim, pois o sofrimento é muito grande.
                Perdi você... Perdi meu grande amigo... Del... Foram mais de 15 anos INESQUECÍVEIS ao seu lado. Não tem como esquecer do dia em que você chegou em uma caixa de sapato. Eu ainda tinha 13 anos. Você chegou bem de mansinho, no início ficava em casa, mas a noite dormia na área... Mas isso não durou muito tempo. E, pouco depois, já estava você se apossando da casa. E assim iniciava uma briga... A briga pra ver que ia dormir com você. Quantas vezes eu te peguei, coloquei na cama perto de mim pra você ficar ao meu lado... 
 Hoje, aos 28, quando eu paro pra pensar nessa nossa trajetória juntos (como sempre fiz durante todo esse tempo) não dá pra imaginar viver sem você. Sabia que você não era eterno, mas o medo de te perder era muito, muito grande... Hoje, com você, vai um grande pedaço de mim. Meu sorriso não vai ser mais o mesmo, meu humor também não. Chegar aí, entrar em casa e não ver você... Como? Foi muito fácil amar você... O que me consola é que sei que fizemos de tudo (eu, minha irmã, meus pais e a Duda) por você e que sei que você nos amava também. Isso era fato. Era uma fidelidade tremenda. Sempre você estava lá, ao nosso lado, abanando seu rabinho, pulando, brincando... Você era muito feliz conosco, mas você não tem a idéia do quanto você nos fez feliz. Nossa casa nunca mais vai ser a mesma. Você sempre estava lá, ao nosso lado, “em silêncio”, nem que fosse para “falar”: “estou aqui, podem contar comigo. Lembra-se quando o pai estava mal, com aqueles problemas na perna dele?  Você ficava ao dele o tempo todo, fazendo companhia, sendo um grande aliado para ele. Você deu muita força para ele!
Sabia que você não era eterno, mas não é nada fácil. E você já me deu cada susto... O primeiro foi quando você tinha uns 8 anos. Mas o desse ano... Você, perto de completar 15 anos me resolver ser atropelado! Que sufoco! Pensei que você não iria sair dessa, pois já estava velinho e com a patinha toda debilitada. Era veterinário a cada 3 dias, curativo aqui, curativo ali... E para você andar e fazer suas necessidades? Como eu não podia ficar com você o tempo todo (quase nunca, devido ao trabalho) sobrou para o meu pai (que na época estava ainda com o problema na perna dele também) ter que pegar você no colo, levar para área e depois trazer, novamente, para o quarto. Lembro-me bem quando cheguei perto do meu pai e pedi para ele não desistir de você. Nem precisava. Não tem como esquecer desses dias, das lágrimas que derramei só de pensar em perder você. Fizemos de tudo por você. E isso era, somente, a nossa obrigação. O que fizemos por você (cuidar, alimentar, brincar, acolher, ...) não é, absolutamente, nada daquilo que você fez por nós.
                E agora? Acabou... Quando eu chegar da rua, mesmo que tenha ficado ausente 10 min, quem vai chegar até mim abanando o rabo, querendo me lamber, todo feliz? Não vou mais poder ir ao supermercado com a Duda encher um carrinho de compras com coisas para você, não vai ter mais ninguém para pedir para pular na cama quando eu estiver na casa dos meus pais... Sei que eu fui bem chato com você, pois te agarrava, apertava, deixava você me lamber (nunca tive nojo de você!), carregava para um lado, empurrava para o outro e quando eu te dava uma bronquinha, basta você olhar para mim que eu não conseguia ficar bravo com você. Pequenas coisas agora como almoçar e não ter você por perto... Um aniversário e não ter você latindo e querendo estourar as bolas de soprar... Abrir um pacote de biscoite e saber que você não vai vir para perto para “pedir” um...
Acabou... sei que vou me conformar, ou melhor, estou conformado, pois você nos “avisou”. Nesses últimos dias... Você começou a ficar mais quietinho, no seu canto, sem muito “papo”, sem querer comer direito... Até que veio um desmaio e com ele um grande susto. Antes, eu pensei que era um susto, depois vi que não. Acho que você estava querendo nos dar um aviso do tipo: “pessoal... eu não sou eterno não... já tenho 15 anos e isso para um cachorro é muita coisa... estou partindo e sei que vocês vão sofrer, mas estou avisando antes para vocês começarem a se acostumar com esse fato...”. E foi isso. Depois vieram mais dois desmaios e quando você fez xixi na cama, pois não tinha força para se levantar, percebi que você estava indo.
                Não estava ao seu lado quando você partiu, e não sei até que ponto isso era bom ou ruim para mim. Mas você estava em ótimas mãos e como a veterinária mesmo nos alertou... era aguardar, pois não tinha nada a ser feito... Era a idade... E o melhor é que não vimos você sofrer, mesmo nesse dias você estava com um bom semblante. E foi muito bom, pois ver você sofrendo não seria possível para mim. Já tinha uma viagem programada e  quando cheguei na casa dos meus pais, um dia antes de viajar e fui te ver... Você estava na sala, deitado na sua caminha... Fiquei no chão ao seu lado, conversando com você... as lágrimas vieram e fui chorar no banheiro... Quando voltei, olhei para você, você me olhou... Não deu para segurar... E comigo todos foram atrás chorando... Ficava chorando, soluçando, olhando para você e você olhando para mim como se quisesse falar algo. Sabia que ali era uma despedida... E não fiz, pela primeira vez, o que era de costume... Sempre quando eu ia embora da casa dos meus pais eu me despedia de você. Nem que fosse com um apenas “tchau Del”... Não fiz isso, pois não iria suportar, não queria me despedir de você. Não tive força nem para olhar para você direito... Por mais que meu pai falasse que você iria esperar eu voltar, sabia que isso seria difícil. E, pensando racionalmente, foi melhor você ir agora mesmo, pois você não sofreu.
A dor agora é muito grande, mas sei que vai passar. A dor vai passar, mas a saudade... Isso nem o tempo para apagar. Agradeço muito a Deus por ter colocado você na minha família Fidel. Foi uma honra você ter dado a oportunidade de eu ter compartilhado a sua vida com você...
Obrigado por esses 15 anos meu amigo! Sei que vai demorar muito para essa lágrimas secarem, mas não serão lágrimas de tristeza não. Serão de saudades. SAUDADES DE ALGUÉM QUE VEIO, MARCOU O SEU TERRITÓRIOS EM NOSSOS CORAÇÕES E TORNOU ESSA FAMÍLIA MUITO MELHOR DO QUE ERA ANTES.
Força a todos nós!
Pai, mãe, Rafa, Duda... Muita força por aí. Fizemos de tudo por ele. Vamos guardar as boas lembranças, pois isso temos de sobra.
                Eu sempre te amei Del, e não será diferente agora!

“Amigo é coisa para se guardar
Debaixo de sete chaves
Dentro do coração
Assim falava a canção que na América ouvi
Mas quem cantava chorou
Ao ver o seu amigo partir...
Amigo é coisa para se guardar
No lado esquerdo do peito
Mesmo que o tempo e a distância digam "não"
Mesmo esquecendo a canção
O que importa é ouvir
A voz que vem do coração...”

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